Jurassic World Domínio | 2022

Jurassic World Domínio | 2022

A franquia Parque dos Dinossauros (Jurassic Park)  já se tornou um clássico e coleciona muitos fãs pelo mundo desde seu primeiro filme, Parque dos Dinossauros (1993), que ainda hoje é considerado o melhor de todos pela grande maioria dos amantes dos dinos, dirigido por Steven Spielberg e baseado no romance de mesmo nome escrito por Michael Crichton

Estreia hoje nos cinemas Jurassic World Domínio, filme dirigido por Colin Trevorrow e que encerra a trilogia da nova saga. Ele começa narrando em tom jornalístico bem didático, através de uma reportagem de TV, que explica aos espectadores mais desprevenidos a atual realidade diegética do filme, na qual dinossauros e seres humanos agora coabitam no cenário urbano. Este artifício contribui para que o longa possa ser assistido por aqueles que não acompanharam os filmes anteriores (Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, 2015 e Jurassic World: Reino Ameaçado, 2018) e até mesmo os que não tenham visto os primeiros filmes da década de 90. 

Nessa nova jornada acompanhamos Owen Grady, interpretado por Chris Pratt – que mantém totalmente sua aparência de herói-galã carismático e engraçado, assim como em Guardiões da Galáxia (2014) – e seu par, Claire Dearing, interpretada por Bryce Howard, tentando resgatar sua filha-clone, Maise Lockwood (Isabella Sermon). Ela é clone da brilhante cientista, doutora Charlotte, que faleceu, mas sem antes deixar de gerar um clone de si mesma, corrigindo seus erros genéticos. Maise então se torna peça chave para desfazer um tremendo erro causado por um dos cientistas da gigante tecnológica BioSyn, que provocou uma mutação genética perigosa em gafanhotos os tornando armas letais. A Dra. Ellie Sattler, interpretada por Laura Dern,  é então chamada para investigar tais feras, que chamam a atenção por atacarem plantações locais. 

Maise é sequestrada pela BioSyn, corporação que pretende fazer um santuário de dinossauros para deixá-los isolados e seguros e também promete livrar o mundo de muitos males com avanços tecnológicos e genéticos, promovendo a cura de uma série de doenças. No topo da BioSyn está Lewis Dodgson (Campbell Scott), uma espécie de caricatura dos bilionários atuais, que prometem genialidade e revolução através da tecnologia brincando de Deus, tais como Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg. 

Em meio aos percalços para encontrar Maise, algumas boas cenas foram criadas sendo pontos altos do filme. Uma perseguição no telhado, com clima de Missão Impossível e Busca Implacável; os gigantes dinossauros passeando lentamente na tela de ponta a ponta e a aparição que não poderia faltar do dino mais amado de todos, o T-Rex. A interação dos humanos com os animais foi bonita de se ver nas telonas, os efeitos especiais de CGI estão bem executados, ótimas texturas na tela. 

Quanto ao elenco, traz nomes de peso, porém nem sempre é bem aproveitado! Além da incrível Laura Dern, o longa conta ainda com Sam Neill, como Dr. Grant, este bem desperdiçado em uma subtrama romântica com a Dra. Ellie e alguns momentos cômicos com piadas que remetiam à velha saga, mas que ainda assim conseguem arrancar risadas do público. Jeff Goldblum também se junta ao time de veteranos como Dr. Malcolm. Juntos retocam o ar de nostalgia que Jurassic World Domínio trás com um tom de filme de sessão da tarde dos anos 90 através desse encontro de gerações, apelando para a memória afetiva dos fãs e fazendo o filme funcionar um pouco mais a partir daí. Contudo, ainda se perde ao juntar um elenco grande que acaba por se atrapalhar muitas vezes, correndo perdidos de um lado para o outro em situações complicadas que transbordam em obviedade nos seus desfechos.

Diversas coisas beiram o artificial com um roteiro pouco inventivo, no sentido de que as coisas não dão errado para os personagens diante de muitas situações terrivelmente perigosas, deixando óbvia a sensação de que o bem vai vencer no final (sem dúvidas). Ninguém sai ferido, o que vai se mostrando cada vez mais forçado no decorrer do filme, em meio a tanta correria, com dinossauros enfurecidos e famintos na sua cola, quedas bruscas, perseguições com capangas armados e carros capotando. Quando, por exemplo, Claire se joga de uma janela, cai providencialmente na caçamba da caminhonete da piloto de aviões contrabandista Kayla Watts (DeWanda Wise), que passa a ajudá-la, formando uma relação baseada em uma espécie de empatia feminina e insinuações de flerte, bem pouco trabalhadas. Também ocorre quando Maise, Grant e Ellie ficam encurralados dentro da BioSyn e Ramsay (Mamoudou Athie), o garoto prodígio da gigante tecnológica, resolve trair Dodgson repentinamente e ajudá-los a fugir, apontando uma saída. São soluções fáceis, pouco criativas.

Jurassic World Domínio é mais um blockbuster que traz um desfecho a nova trilogia, com tropeços narrativos que podem decepcionar alguns fãs por seu extremo didatismo ao apresentar conflitos e personagens, anunciando muitos acontecimentos, por vezes acabando com a imprevisibilidade gostosa do cinema. Mas também resgata certa essência trazida com o encontro de elencos e a nostalgia boa que isso proporciona aos fãs, além de produzir boas imagens do que mais queremos ver em filme de monstro: belos monstros na tela! Colin Trevorrow não é Steven Spielberg e nem pretende ser, escolhe abordagens diferentes para concluir sua saga na franquia, inferindo mais ação e adrenalina às cenas. 

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  • Jornalista carioca, editora e crítica de cinema. Tem foco de interesse e pesquisa em cinema de gênero e feito por mulheres.

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