“Viva Cinemateca”

“Viva Cinemateca”

Após o aniversário de um ano de sua reabertura, a Cinemateca Brasileira promove projeto de revitalização de acervo, modernização estrutural e programação itinerante pelo país

 A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul, existe desde 1956.  Possui como missão a preservação do cinema brasileiro e a promoção da cultura audiovisual e cinematográfica, buscando ser referência nacional e internacional como protetora do patrimônio histórico e cultural artístico e documental.

Em que pese sua imensurável importância ao audiovisual, a nível nacional e internacional, a Cinemateca Brasileira ganhou maior visibilidade justamente durante sua crise, que culminou com o incêndio ocorrido em julho de 2021 em seu galpão situado na Vila Leopoldina, São Paulo, um reflexo do descaso do Governo Brasileiro da época, dentre outros fatores.

Perpassando pelo descaso do Governo, pela pandemia que obrigou seu fechamento durante um ano e meio, e pelo incêndio que destruiu grande parte do seu acervo, a Cinemateca Brasileira, após quase ver seu fim nas cinzas, renasceu como fênix. É com essa fala que a diretora geral da instituição, Maria Dora Genis Mourão, anunciou, dia 07 de junho de 2023, em coletiva de imprensa, o “Viva Cinemateca”, um pacote de projetos e investimentos para preservação e difusão do audiovisual no país divididos em três pilares principais: a revitalização do acervo, a modernização da instituição e ações para sua visibilidade.

 O projeto visa a recuperação, catalogação e digitalização do acervo fílmico da Cinemateca, e terá uma programação cultural que passará por São Paulo e outras 12 cidades do Brasil. Seu impulsionamento se dará através de uma campanha de resgate do papel do audiovisual na memória afetiva dos brasileiros, a fim de ressaltar a importância do trabalho da Cinemateca na preservação destes filmes. Com a campanha “Memória em Movimento”, fará referência a 10 grandes filmes, como Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), Central do Brasil (1998) e Cidade de Deus (2002), difundindo o papel da instituição através do tema “Tudo o que você lembra do nosso audiovisual, a Cinemateca Brasileira preserva”, que lançará, ainda, produtos especiais e personalizados que retomam tais memórias e imediatamente remetem aos filmes que homenageia.

A modernização e reformas estruturais acontecerão tanto nos depósitos que abrigam o acervo como no conjunto histórico da Vila Mariana. As obras, já iniciadas, contemplarão a expansão dos espaços de laboratório, reconhecidos internacionalmente, e atualização tecnológica, com a aquisição de novos projetores e grandes mudanças na segurança do acervo, garantindo, assim, a sobrevivência dos mais de 120 anos de história do cinema brasileiro que guarda.

Uma importante intervenção do projeto se dará na preservação, recuperação, catalogação e digitalização da coleção dos mais de 3000 rolos de filmes em nitrato de celulose, que compõem a coleção mais antiga do cinema brasileiro. Durante a coletiva de imprensa, foi exibida a primeira amostra dos resultados dessa restauração, numa belíssima exibição de documentos como A Construção da Catedral de Santa Maria, filme mais antigo do acervo, datado de 1909. A qualidade das imagens é impressionante. A restauração dos nitratos possibilitará não só a preservação do acervo, mas o compartilhamento desses registros com o público e a sociedade, a quem pertence a Cinemateca Brasileira.

Para que a sociedade se aproprie da instituição, o projeto fará também a mostra itinerante “A Cinemateca é Brasileira”, que percorrerá o país entre agosto e dezembro de 2023, com uma seleção de 17 filmes que perpassam diferentes momentos históricos, propostas estéticas e abordagens temáticas, como São Paulo: a Sinfonia da Metrópole, O Pagador de Promessas, Cidade de Deus, Bacurau, e obras de Glauber Rocha e José Mojica Marins. A mostra visitará as cidades de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Canaã dos Carajás (PA), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luiz (MA) e Vitória (ES).

O Viva Cinemateca conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Shell e do Itaú Unibanco, bem como contará com recursos financeiros da Lei Rouanet.  

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