John Wick 4: Baba Yaga | 2023

John Wick 4: Baba Yaga | 2023

A “gameficação” do cinema em alta definição é um espetáculo visual nas mãos de Chad Stahelski

John Wick 4 começa e termina com cenas que referenciam o faroeste: primeiro com uma cavalgada e tiroteio no deserto, e por último num espetacular duelo de tiros à distância, onde Chad Stahelski brinca com a câmera e com os enquadramentos, encaixando cada personagem perfeitamente no cenário primeiramente fora de contexto à sua volta, fazendo a mágica de nos transportar de um filme de ação e porradaria para outros gêneros cinematográficos em instantes; neste que é o quarto filme de sua franquia de ação.

Por muitos momentos assistindo ao longa temos espaços para reconhecer e pensar em coisas como: “isso aqui é muito videogame!”. E é mesmo, para além das diversas referências cinematográficas que podemos identificar em John Wick 4, como o western, o kung-fu e a comédia clássica; a linguagem gamer está presente com o abraço a fantasia na construção de personagens/inimigos cada vez mais blindados, que aguentam muito mais porradas e tiros.

Com cenários perfeitamente pensados, por vezes com a câmera frontal que acompanha as lutas coreografadas como em uma partida de Tekken ou Street Fighter, ou com a câmera de cima em plano zenital, lembrando jogos como Hotline Miami, em uma matança frenética que vai abrindo cômodo por cômodo num casarão escuro. Tudo isso majoritariamente ambientado com a estética neo-neon noir belíssima que já vinha sendo usada, agora aperfeiçoada, na franquia. Sempre bom lembrar que Keanu Reeves já foi personagem de videogame em 2019, como Johnny Silverhand em Cyberpunk 2077, jogo que faz jus conceitualmente ao universo John Wick!

As sequencias de perseguição de carro em alta velocidade vieram com uma fotografia ágil e muito eficiente, fazendo registros em 360 graus de um veículo girando em movimento, artifícios que ajudam fazer de cada pequeno arco em John Wick 4, uma experiência empolgante diluída nas 3 horas de filme que passam voando! Como se Wick estivesse de fato “passando de fase” a cada arco, onde a direção explorou visualmente muitos pontos turísticos – com imagens nada modestas –, o deixando mais próximo de seu objetivo principal.

Wick se torna um homem cada vez mais frio, obstinado e implacável, porém sem deixar sua humanidade e seu senso de justiça de lado. Um homem que sempre quis fugir de seu destino como assassino, se entrega cada vez mais à sede de vingança e percorre caminhos mais tortuosos do que nunca nesse último filme.

Nota:

Author

  • Jornalista carioca, estudou cinema na Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, certificada em roteiro pelo Instituto de Cinema de São Paulo. Ama cinema de horror e os grandes clássicos.

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