Quem É Essa Mulher? | 2024

Quem É Essa Mulher? | 2024

 A história da primeira médica negra do Brasil.

A Drª. Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra do Brasil, formou-se em 1909, na Bahia. Sua história seria relegada ao esquecimento, não fosse o trabalho da historiadora Mayara Santos, também negra e de origem periférica. A importância de Quem É Essa Mulher? está na ligação de duas vidas que certamente permaneceriam apagadas dentro da estrutura racista em que vivemos, esse é o registro de duas mulheres cientistas que atravessaram o preconceito para se tornarem exemplos de resistência e luta.

O filme, dirigido por Mariana Jaspe, opta por nos apresentar Odília por intermédio de Mayara, que revive sua pesquisa de graduação, visitando os lugares e arquivos que lhe revelaram as informações da primeira médica negra da Bahia (que depois descobrimos ser também do Brasil). Acompanhamos não só sua inquietação durante os estudos, mas também sua vida pessoal, a convivência com o marido e com a família, especialmente sua mãe.

Seguindo as convenções do documentário jornalístico e televisivo, Quem É Essa Mulher? se perde em uma montagem paralela pouco orgânica. A energia transmitida pela empolgação da jovem pesquisadora ao contar suas descobertas, logo é cortada por entrevistas com personagens que nos apresentam características pessoais de Mayara, tirando-nos do foco principal. São temas que se atravessam e não contribuem para entendermos a ligação entre o objeto de estudo e a historiadora, pelo contrário, acabam nos confundindo, inclusive na sequência de fatos sobre Odília.

Já na primeira parte do filme vemos que Mayara tem como fonte o filho de Odília, ainda vivo e com mais de 100 anos. Mas durante quase toda projeção uma das questões mais conflitantes para ela é a ausência de informações da mãe da médica. Certamente, o filho já resolveria essa falta sobre a avó, porém isso só se resolve perto do fim, quebrando a lógica da própria montagem.

Infelizmente, Quem É Essa Mulher? não dá força suficiente para as belíssimas histórias de Odília e Mayara, pecando inclusive em alguns aspectos técnicos, como a captação de som com oscilações e ecos, mesmo que todo cenário já fosse preparado antes. Essas histórias merecem ficar marcadas da melhor maneira possível para que as duas permaneçam como inspiração na luta racial.

Leia a tese de graduação de Mayara Santos sobre Maria Odília Teixeira aqui.

Acompanhe também nossos outros textos do 13º Olhar de Cinema.

Nota:

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