Gêmeo Maligno | 2022
Gêmeo Maligno é o novo filme de terror do diretor finlandês Taneli Mustonen e seu segundo do gênero, em 2016 dirigiu o slasher “Lake Bodom” e antes disso fez uma sequência de comédia: “Reunion” e “Reunion 2: The Bachelor Party”. Nesse novo longa, de suspense e terror psicológico, acompanhamos a história de luto de um casal que perdeu um de seus filhos em um acidente de carro. Em busca de conforto e de reconstruir a vida após a perda de Nathan, um dos gêmeos, Rachel e Anthony resolvem se mudar com Elliot de Nova Iorque para o interior da Finlândia.
Lá se deparam com um casarão, daqueles típicos de filmes de casa mal assombrada. No começo o filme pode sugerir se tratar efetivamente disso, com insinuações sobre a presença de Nathan pela casa. Mas depois vai se desenrolando em uma ambiguidade entre o sobrenatural e a falta de sanidade mental. O questionamento acerca da loucura recai exclusivamente sobre duas figuras femininas em Gêmeo Maligno.
Já virou artifício comum em muitos filmes de terror fazer questionamento psicológico de certos personagens sobre algo que somente eles enxergam. Contudo, o fato de isso acontecer sempre entre um casal no qual a mulher é tomada como louca e histérica, é ainda mais clichê e reforça uma herança patriarcal que incomoda em pleno 2022. Em dado momento Rachel é levada ao médico, que descredita suas versões dos acontecimentos e ainda a culpabiliza em relação a reações estranhas que seu filho Elliot anda apresentando pela falta do irmão morto.
A protagonista é interpretada pela atriz Teresa Palmer, que é uma velha conhecida dos fãs de filmes de terror e suspense. Palmer já atuou nos thrillers: “Quando as Luzes se Apagam (2016)”, “Wolf Creek: Viagem ao Inferno (2005)” na comédia de horror “Meu Namorado é um Zumbi (2013)” e também participou em “O Grito 2 (2006)”. Em Gêmeo Maligno ela faz um bom trabalho de atuação, ao lado de Steven Cree (que atuou em Malévola (2014), John Carter (2012)) e Tristan Ruggeri (que atuou como o jovem Geralt na série The Witcher).
A segunda personagem feminina no filme é Helen (interpretada por Barbara Marten (Os Órfãos (2020)),uma senhora solitária que vive reclusa após passar pela perda traumática de seu marido. Ela se identifica com Rachel, tentando ajudá-la em relação às manifestações de Nathan e em uma função que parecer querer tentar “avisar” os perigos daquela comunidade fechada na qual ela entrou com sua família. Helen também é tida como louca pelos moradores locais, em sua maioria homens bem velhos.
Anthony nunca parece apoiar de fato sua esposa e em certo momento da trama se revela cúmplice dos moradores locais em uma espécie de seita satânica que envolve a morte de seu filho Nathan e a vida de Elliot. Rachel é obrigada a participar de um ritual pagão com a participação de todos os moradores e seu marido, onde dali poderia gerar a reencarnação do demônio. Ritual bem filmado e vale notar influências de “Midsommar (2019)” de Ari Aster, porém aqui utilizando cenas escuras e também com uso de bastante planos abertos como no longa de Aster. Outra influência clara na construção da trama é “O Bebê de Rosemary (1968)” – filme com texto aqui no site –, mas que não honra e nem faz jus ao clássico do terror de Roman Polanski.
O filme traz elementos demais e não amarra bem sua narrativa de invocação de espíritos, casa mal assombrada e rituais satânicos. Apresenta tudo de maneira rasa, desde o acidente no começo do longa – que depois por fim se explica mais um pouco – até a vida das pessoas na comunidade do interior, que não é explorada o suficiente a ponto de nos fazer conectar com um possível perigo eminente de forma eficiente e realmente assustadora!
O filme estreia neste dia 11/08 nos cinemas brasileiros pela Paris Filmes.