Curtas Premiados do 77º Festival de Locarno

Curtas Premiados do 77º Festival de Locarno

Análise dos curtas assistidos no festival

A 77ª Edição do Festival de Locarno se encerrou em 17 de agosto, data em que anunciou seus premiados. Dentre as sessões, a Pardi di Domani prestigia curtas e médias-metragens , que inclui as mostras competitivas Concorso Corti d’Autore, Concorso InternazionaleConcorso Nazionale. O Coletivo Crítico, que fez a cobertura online do festival, teve acesso a dois dos curta-metragens premiados, Better Not Kill the Groove, dirigido por Jonathan Leggett, premiado com o Pardino d’Argento Swiss Life na mostra Concorso Nazionale,  e Freak, de Claire Barnett, que recebeu uma menção especial na mostra Concorso Internazionale. 

A seguir, confira nossos comentários sobre os curtas assistidos e veja quem foram os grandes vencedores da Pardi di Domani:

Better Not Kill the Groove, de Jonathan Leggett

Muito se fala sobre a saúde mental das crianças e adolescentes da geração atual, pessoas em formação que já vêm ao mundo incorporadas à tecnologia, que com pouco tempo de vida são introduzidas às telas, a um mundo ágil e sem pausas, a um furacão de informações lançadas freneticamente ao cérebro. Jonathan Leggett lida com o tema através da crise existencial de um garoto de voz bastante infantil, que narra seus pensamentos, suas emoções e sua relação com seu corpo e seu entorno, enquanto imagens totalmente extraídas do mundo virtual vêm representar e tornar dinâmico e lúdico aquilo que ele nos expõe.

Usar da ideia do foundfootage, pela coleta de conteúdos de portais de vídeos como o YouTube, mostra-se muito apropriado quando a pretensão é retratar a mente confusa e acelerada dessa criança que é, justamente, alimentada com o excesso de informações. Contrapor a voz infantil do menino e a complexidade de sua crise com o material imagético de tom despojado causa um impacto hipnótico e um desejo grande de compreender essa interação curiosa, chamando importante atenção à necessidade de acolhimento e compreensão aos sentimentos da infância e da adolescência.

Freak, de Claire Barnett

No aniversário da mulher, um casal resolve gravar a comemoração da data e uma conversa em tom confessional entre eles. Até chegarem no auge da intimidade do diálogo: qual a fantasia sexual mais estranha que já tiveram? O que a aniversariante revela, por totalmente inesperado, causa um mal-estar entre eles que culmina em uma discussão mais profunda que acaba por atrapalhar a comemoração.

A produção com recursos de baixa qualidade dita a atmosfera caseira que reflete a estreiteza entre os personagens, o ambiente seguro para que segredos sejam revelados. Porém, tratando-se de um curta de 14 minutos, a opção por simplesmente virar a câmera com as lentes para a mesa para que apenas ouçamos o que os personagens têm a dizer durante um tempo bastante considerável, é um desperdício quando estamos falando, de fato, de um filme. A resolução cativa, mas o incômodo da não-imagem vem como uma quebra despropositada do clima até então construído.

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