Instruments of a Beating Heart | 2024

A vida metaforizada na apresentação musical de Ode To Joy.
Por Jefferson Elson
Dirigido por Ema Ryan Yamazaki, Instruments of a Beating Heart é um representação fofa, delicada e tensa de crianças que estão sendo preparadas para uma apresentação instrumental de Ode To Joy, composição de Ludwig Van Beethoven sobre alegria e fraternidade universal. Em aproximadamente 24 minutos, a diretora retrata de forma leve o processo de seleção e os ensaios, focando no desempenho da pequena Ayame.
O que chama a atenção numa primeira camada é a tensão formada durante os preparos para atingir a perfeição, prejudicando Ayame, que sofre dois tipos pressão: interna, no momento que tenta sempre atingir o seu melhor desempenho, duvidando de si e da sua capacidade, e uma externa, sendo essa o fruto do rigoroso professor responsável pela apresentação, que usa abordagens que outras culturas podem considerar questionáveis para exigir de uma criança.
Entretanto, engana-se quem pensa que o documentário abordará apenas o desenrolar da trama para chegar ao sucesso. Yamazaki, ao trabalhar com um material que tem uma carga pesada, transforma Instruments of a Beating Heart em um retrato sobre a vida, mostrando que todo problema tem solução.
Em outras palavras, há uma pegada diferenciada, já que temas como a importância do apoio do outro, a superação e o orgulho de uma realização pessoal são postos em cena. Nesse sentido, percebe-se que o curta documenta uma situação, mas, além disso, possibilita refletir sobre as atitudes acima, mostrando uma faceta mais humana, empática e necessária nos dias de hoje. Não é só um documentário sobre a busca da perfeição para “atingir a batida harmônica de um coração”, mas sim uma representação simbólica documentada dos altos e baixos da vida.
É incrível como as emoções são sinceras. O espectador conecta-se com as crianças – tanto nas suas vitórias quanto nas derrotas-, e com Ayame essa conexão torna-se mais genuína, pois é possível sentir as preocupações, os medos e as felicidades dela.
Apesar da rica camada do roteiro, a forma de executar é um pouco questionável. Há a sensação de uma estrutura repetida no progresso de Ayame (falha-acerto-superação), que enriquece o curta, mas cansa por não ter um propósito significativo em demonstrar essas falhas e acertos de maneiras diferentes várias vezes.
Por fim, indicado merecidamente ao Oscar 2025, Instruments of a Beating Heart é um retrato doce sobre a vida numa perspectiva infantil. É entender que a vida é sobre tentativas, falhas, choro, dúvidas de si, mas também são conquistas, superações, realização pessoal e apoio mútuo.