Missão: Impossível – O Acerto Final | 2025

Missão: Impossível – O Acerto Final | 2025

Por Carol Ballan

Permanecer em uma franquia de ação por 30 anos poderia ser considerado por si só uma conquista para Tom Cruise. No entanto, considerando a sua insistência em se manter sem dublês para cenas de ação complexas, tal façanha acaba até diminuída pela grandeza de alguns de seus atos.

Para complementar os feitos hiperbólicos do ator, toda a franquia também está pautada em atos grandiosos. Ao longo das últimas três décadas, acompanhamos o mundo sendo salvo silenciosamente diversas vezes seguidas, sempre com algum dilema ético e cenas de ação de  prender a respiração. Não seria diferente com a obra que supostamente vem para encerrar a saga, com a atualização temática que já vem do filme anterior de que o vilão não é uma pessoa, e sim uma IA, a Entidade.  Ela se torna independente e passa a ameaçar a vida humana na Terra, como uma espécie de expurgo reflexivo do próprio comportamento humano, está quase conseguindo alcançar seu objetivo ao obter acesso aos arsenais nucleares das principais potências, e, obviamente, há apenas um homem que pode salvar a tudo e todos ao mesmo tempo: Ethan Hunt (Tom Cruise).

Existem, então, dois elementos que parecem ser definidores da obra: nostalgia e ausência de seres humanos para serem perseguidos. Se a nostalgia não fosse óbvia pelo simples fato da duração da franquia e do sucesso de filmes que usam este tom, como Top Gun: Maverick (2022), ela se torna pela notícia de que este seria o encerramento desta longa história. Temos então toda uma ginástica de roteiro para que elementos de todas as sagas vividas pelo protagonista estejam incluídos com essa finalidade de criar um encerramento oficial. Desde a grande equipe escalada para o longa até momentos bastante tocantes inseridos para quem os acompanha há muito tempo, há um reconhecimento da sua própria importância para a cultura popular.

Por outro lado, esta é uma obra que precisou ousar um pouco mais no formato das cenas de ação, justamente porque o inimigo proposto não pode ser capturado fisicamente – pelo menos, não de forma simples. Como a IA já está desconectada de um programador, o que se busca se torna muito menos palpável. Então, mesmo que haja algumas cenas de ação extremamente satisfatórias e um tanto aflitivas, esse não é colocado em um ponto tão central quanto em outros filmes. Quase como em uma ascendente, é necessário criar toda uma ambientação para que ela ocorra, e quando isso acontece, principalmente na cena do avião colocada no pôster oficial, é com a grandiosidade característica.

Além das questões de contexto das quais a obra se mostra consciente, como a centralização dos acontecimentos nos EUA, aqui ocorre um excesso de exposição que está ligado a esses dois fatores. O primeiro faz com que, por vezes, personagens tenham que interromper uma linha de diálogo mais orgânica para relembrar algo que aconteceu em outro filme – inclusive havendo o recurso de flashback, que é utilizado com moderação. Já o segundo gera a necessidade de explicações complexas e longas, muito diferentes do que simplesmente perseguir uma pessoa com uma máscara de látex e se revelar apenas no último momento.

Os elementos visuais que são utilizados são muito semelhantes ao que estava estabelecido em Missão: Impossível – Acerto de Contas (2023), sendo o planejamento de lançamento das obras como duas partes um tanto óbvio neste sentido. Não há nada que destoe do que já estava sendo estabelecido, como os personagens carismáticos e a fotografia que tenta se colocar como “invisível”, presente apenas para iluminar e capturar os acontecimentos. A chave do realismo impossível continua presente, mas não de forma caricata como nos mais recentes filmes de super-heróis. Aqui, o dilema ético e o funcionamento do time importam muito mais do que os visuais incríveis por si próprios. E é justamente por conta desse comprometimento com a sua premissa que o público consegue ultrapassar seus excessos para continuar acompanhando a saga deste homem que literalmente carrega o mundo nas costas.

Considerando o clima político e bilheterias de Hollywood, é difícil acreditar que Missão: Impossível – O Acerto Final será o final definitivo da franquia. Ainda assim, seria uma forma respeitosa de encerrar a saga de um homem que, de tanto fazer estripolias para dar vida ao seu personagem, gerou notícias sobre os custos de seu seguro de vida.

Veja o trailer de Missão: Impossível – O Acerto Final aqui.

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