20 melhores filmes dirigidos por mulheres em 2024

20 melhores filmes dirigidos por mulheres em 2024

Buscando destacar o cinema feito por mulheres no ano de 2024, e dando continuidade a lista realizada em 2023, nossas críticas, Mari Dertoni e Natália Bocanera, prestigiando e celebrando essas produções, selecionaram os melhores filmes dirigidos por mulheres em 2024. A grande maioria dos filmes foram assistidos em Festivais, Mostras, no circuito de cinema, streaming ou via cabines de imprensa. 

São eles:

• Agarra-me Forte

Agarra-me Forte é um abraço no surrealismo poético, para contar uma história de afeto e perda. Existem infinitas maneiras de se retratar a dor da perda no cinema, algumas mais óbvias e expositivas, optando por mostrar a linearidade dos fatos e as relações de luto com certa crueza, apatia ou muita intensidade; outras mais criativas, com escolhas poéticas e com mais flexibilidade narrativa, como é o caso do filme uruguaio, dirigido por Letícia Jorge e Ana Guevara, que conta com uma equipe totalmente feminina, desde o roteiro até a produção do longa.

Direção: Letícia Jorge e Ana Guevara
País: Uruguai
Onde assistir:
O filme foi exibido na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Ainda não tem data para chegar aos streamings do Brasil.

Leia a crítica de Agarra-me Forte aqui (por Mari Dertoni).

• Dahomey

Dahomey 2024

Documentando a devolução, pela França, de obras históricas roubadas pertencentes ao antigo reino de Daomé ao Benin, Mati Diop transcende o que seriam peças de museu para uma entidade representativa de toda uma ancestralidade e da história sequestrada de um povo, dando-lhe literalmente voz, uma voz fantasmagórica que narra não somente esse momento de absoluta e incontestável importância, mas que questiona, reflete, que quer se encontrar, que sai de uma escuridão para adentrar outra. A reparação histórica estratégica pensada pelas autoridades atuais é muito mais complexa do que o evento político em si. E a diretora não desperdiça um momento sequer para traduzir tal complexidade para nós.

Direção: Mati Diop
País: França, Senegal
Onde assistir:
Disponível na Mubi

Leia a crítica de Dahomey aqui (por Natália Bocanera).

• The Outrun

Muitas vezes o afastamento é a melhor forma de lidarmos com situações de crise. Quando criamos uma distância segura dos problemas que vivemos, não apenas ficamos menos reféns deles, como também conseguimos enxergar com mais amplitude o tamanho de nossos conflitos e batalhas a enfrentar. Em The Outrun, novo longa-metragem dirigido por Nora Fingscheidt, realizadora e roteirista alemã que gosta de tratar especialmente de protagonistas femininas em seus filmes, como em System Crasher (2019) e em Imperdoável (2021), acompanhamos a jovem Rona (Saoirse Ronan) em sua jornada para se distanciar e superar seus vício precoce em álcool. O longa usa o isolamento como mecanismo de cura da protagonista.

Direção: Nora Fingscheidt
País: Alemanha, Reino Unido
Onde assistir: O filme foi exibido no 26º Festival do Rio. Ainda não tem data para chegar aos streamings do Brasil.

Leia a crítica de The Outrun aqui (por Mari Dertoni).

• Love Lies Bleeding: O Amor Sangra

Love Lies Bleeding é muito eficaz em seus equilíbrios: o amor e a violência, o romantismo das estrelas e a desfiguração humana, o sangue e o afeto. Trabalhando com corpos contrastantes, Rose Glass usa do fisiculturismo e da hipertrofia para construir um conto de amor e proteção entre um casal composto por Lou (Kristen Stewart) e Jackie (Katy O’Brian), a primeira uma gerente de academia e a segunda uma fisiculturista que sonha em ganhar um concurso em Las Vegas. Rose Glass subverte muitos conceitos masculinos em Love Lies Bleeding. O uso da força corporal em um sentido de proteção é algo muito inerente ao homem. Aqui, entretanto, as mulheres negam e repudiam essa concepção, mas não possuem outro caminho que não utilizá-la para proteger as pessoas amadas. 

Direção: Rose Glass
País: Estados Unidos, Reino Unido
Onde assistir:
Disponível na Max

Leia a crítica de Love Lies Bleeding aqui (por Natália Bocanera).

• Eros

eros

A intimidade do sexo é algo que geralmente é preservada e restrita aos participantes do ato, por isso talvez seja um tema, que, quando explorado, desperta curiosidade, seja na mídia, na TV ou no cinema. Na sociedade, o sexo convencionalmente é feito dentro de quatro paredes. É no Motel onde ele ganha um lugar fora de casa e também das ruas. A cultura de se frequentar moteis é algo intrinsecamente brasileiro, um prédio inteiro com diversos quartos destinados ao aluguel temporário de seus espaços para o ato sexual. Por convenção é isso, mas será que é somente isso? Em Eros, a diretora brasileira estreante em longas-metragens, Rachel Ellis, explora e nos faz espiar junto com ela experiências bastante diversificadas de pessoas e suas relações com os quartos de motéis pelo país.

Direção: Rachel Ellis
País: Brasil
Onde assistir:
O filme foi exibido na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes e no CPH:DOX 2024

Leia a crítica de Eros aqui (por Mari Dertoni).

• Banel & Adama

Como o amor e os sonhos podem se sustentar quando tudo desmorona ao redor? O motivo da ruína, aqui, é ao mesmo tempo causado pelo ser humano e está, até certo ponto, fora do controle de seu causador. Como perseguir um sonho quando o clima é quente demais e chove de menos? De que forma vivenciar o amor quando não há o básico para sobrevivência: quando falta água, falta comida e a morte paira no ar? Nada está no lugar, e a única atitude estimulada é encontrar culpados e salvadores imediatos. 

Em Banel & Adama, longa de estreia da diretora franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, que esteve na Seleção Oficial do Festival de Cannes 2023 e foi a indicação do Senegal ao Oscar 2024, o casal-título tenta viver a promessa do amor perfeito longe das tradições e costumes impostos pela comunidade onde cresceram com suas famílias. A paixão entre eles, patente, visível e por isso mesmo vigiada por todos, briga por espaço quando, gradativamente, eles vão sendo induzidos a realizar ali os papéis esperados de um homem, cuja linhagem exige que ele se torne líder e produza herdeiros, e de uma mulher, que é impedida de ficar com o marido para dedicar-se aos deveres domésticos daquele seio.

Direção: Ramata-Toulaye Sy
País: França, Mali, Senegal
Onde assistir: Disponível no Reserva Imovision

Leia a crítica de Banel & Adama aqui (por Natália Bocanera).

• Bird

Da mesma diretora do sensível Cow, de 2022, Bird mostra um abraço à realidade marginal de uma protagonista pré-adolescente de 12 anos, passando por dificuldades familiares, ao mesmo tempo em que passa por descobertas sobre seu próprio corpo, em uma solitária e dura jornada de amadurecimento. 

Bird é um coming of age de Andrea Arnold, diretora que preza pelo uso de uma câmera inquieta, nada estática, que se aproxima do cotidiano de Bailey (Nykiya Adams) e da  conturbada realidade da casa de seu jovem pai solteiro (Barry Keoghan), que tenta criá-la sem deixar de lado seus desvios de conduta e atitudes impulsivas. Registra os escapes da realidade da jovem menina, ao lado de seu misterioso amigo Bird, e de sua conexão sensorial com o ambiente onde vive.

Direção:  Andrea Arnold
País: Alemanha, Reino Unido
Onde assistir: O filme foi exibido no 26º Festival do Rio. Chega aos cinemas em 2025. Ainda não tem data para chegar aos streamings do Brasil.

• Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal 

Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal faz uma exploração lírica e experimental das nuances da vida de Mack com o passar dos anos, sua lida com relações familiares e maternidade. Utilizando longos e silenciosos planos que intensificam as sensações em abraços apertados ou em olhares sofridos em close-up. O som da água da chuva ou dela corrente em um rio, a quase incessante onomatopeia dos insetos vindos da mata, e o alento dos momentos em que o contato físico das mãos entrelaçadas, das trocas de carinho e o vagaroso passar do tempo, dizem bem mais do que qualquer diálogo no primeiro longa-metragem dirigido pela americana Raven Jackson. Belíssimo filme que reflete uma memorabilia sentimental da protagonista.

Direção: Raven Jackson
País: Estados Unidos
Onde assistir: O filme foi exibido no 26º Festival do Rio. Ainda não tem data para chegar aos streamings do Brasil.

Leia a crítica de Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal aqui (por Vinicius Costa).

• Tijolo por Tijolo

tijolo por tijolo

A vida é dura feito rapadura, é doce, mas não é mole não. Alcione, a rainha do samba brasileiro, conhecedora das angústias e da capacidade de resiliência de seu povo brasileiro, o descreveu bem na canção que dá nome ao filme, Tijolo por Tijolo. O atributo de dar a volta por cima, de não desistir, de trabalhar e seguir, que representa tantas pessoas e famílias de nosso país, especialmente as periféricas, aqui é personificado na família de Cris Martins Ventura, moradora do Ibura, bairro relegado às margens e morros do Recife. Com seu esposo, seus três filhos e mais um a caminho, a protagonista se vê na urgência de construir uma nova casa, quando a sua começa a apresentar rachaduras com ameaças concretas de ruir. Ela precisa demolir a casa antiga e construir tudo do zero. Aproveitando todo material possível da demolição, acompanhamos  a trajetória da construção não apenas de um imóvel, mas da realização de um sonho: um lar que acolha a todos, do jeito que sempre foi pensado pela família. Atravessando esse sonho, o auge da pandemia causada pelo Covid-19, a gravidez de Cris e seu desejo de não mais ter filhos.

Direção: Victória Álvares e Quentin Delaroche
País: Brasil
Onde assistir: O filme foi exibido no Olhar de Cinema 2024 e na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Ainda não tem data para chegar aos cinemas.

Leia a crítica de Tijolo por Tijolo aqui (por Natália Bocanera).

• Kokomo City

Kokomo City é um documentário que retrata a realidade LGBTQ+  de quatro mulheres trans negras que trabalham como profissionais do sexo em Atlanta e Nova York. Daniella Carter, Koko Da Doll, Liyah Mitchell e Dominique Silver dão com depoimentos e partilham imagens de seu cotidiano nas ruas e em casa, elas contam histórias de sobrevivência, resistência e identidade, desafiando estereótipos e revelando duras realidades desse universo, que envolve riscos e preconceitos.

Direção: D. Smith
País: Estados Unidos
Onde assistir: Disponível na Mubi

• A Substância

Quanto mais poderosa e bem-sucedida a mulher, quanto maior sua independência financeira, mais requintada a tirania. O mito da beleza desvendado pela escritora Naomi Wolf vai gritar através da voz cinematográfica da diretora francesa Coralie Fargeat e dos corpos de Demi Moore e Margaret Qualley em A Substância, filme vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes 2024 e que deu à Demi Moore o Globo de Ouro de Melhor Atriz.

A Substância vai denunciar o mito através de personagens que seriam elas mesmas propagadoras inconscientes do ideal de beleza inexequível, e simultaneamente, as vítimas primeiras nesse ciclo: as estrelas de cinema. Elisabeth Sparkle (Demi Moore) é uma atriz cuja carreira é sintetizada pela estrela que ganha na calçada da fama, que é moldada especificamente para ela. No seu auge é altamente procurada, admirada e fotografada. A passagem do tempo vai fazer a marca sofrer rachaduras, ser pisoteada em meio ao esquecimento até que alguém derrube restos de alimento sobre ela. A repugnância desse gesto, o alimento industrializado caído sobre a estrela, é o resumo de como a Sparkle que passou dos 50 anos é vista pela indústria que a sustenta. Além de representar toda a repulsa que será altamente potencializada nesse body horror que monstrualiza o mito da beleza.

Direção: Coralie Fargeat
País: França, Reino Unido, EUA
Onde assistir: Disponível na Mubi.

Leia a crítica de A Substância aqui (por Natália Bocanera).
Leia o comentário de A Substância aqui (por Mari Dertoni).

• La Chimera

Arthur e sua gangue de arqueólogos em La Chimera, filme de Alice Rohrwacher

Alice Rohrwacher mostra em La Chimera que sabe construir uma narrativa com personalidade estética, usando ângulos invertidos, posicionamentos de câmera interessantes, para ressaltar a aflição e vertigem de lidar com o desconhecido, de se conectar com objetos ligados às almas, ao além-vida. 

O longa é carregado de misticismo e com tom bastante melancólico, que caminha muito bem entre o natural e o sobrenatural, além de se mostrar um drama com um elenco majoritariamente composto por mulheres solitárias, mas que vivem juntas, rodeadas pela sombra da morte de uma delas. 

Direção: Alice Rohrwacher 
País: França, Itália, Suíça, Turquia
Onde assistir:
Ainda não tem data para chegar aos streamings do Brasil.

Leia a crítica de La Chimera aqui (por Vinicius Costa).

• Morte ao Biquíni

Morte ao Biquíni é um curta-metragem feminista, punk e libertário, descontraído e  extremamente genuíno, que traça um lindo  exemplo de como dirigir crianças em filmes de ficção. Lili é uma menina francesa de apenas 10 anos e não aceita ter que usar biquíni para ir ao parque aquático com seus amigos, todos meninos. A protagonista passa por angústias acerca de seu corpo e de como a sociedade enxerga a nudez (principalmente feminina), ainda sob conceitos patriarcais e com regras e convenções sociais que moldam o pudor em relação aos corpos das mulheres. Este é o segundo curta dirigido por Justine Gauthier.

Direção: Justine Gauthier
País: Canadá
Onde assistir: Disponível na FILMICCA

• Meu Bolo Favorito

Meu Bolo Favorito é um drama adorável e também obscuro que reflete a solidão na velhice e as angústias carregadas pela proximidade da morte. Os diretores trabalham belamente o romance entre pessoas idosas e as mudanças de seus corpos, exaltando belezas que o etarismo nos impede de ver. Consegue pincelar, ainda, o aprisionamento das mulheres pelo moralismo do Irã e o constante temor de sua repressão, delicadamente nos mostrando o quanto atos simples de nossa vida, como tomar uma taça de vinho, constituem uma grande transgressão passível de prisão naquele lugar.

Direção: Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha
País: Irã, França, Alemanha, Suécia
Onde assistir: O filme foi exibido no 74º Festival de Berlim e estreia nos cinemas em 09 de janeiro de 2025.

Leia a crítica de Meu Bolo Favorito aqui (por Natália Bocanera).

• O Banho do Diabo

O Banho do Diabo é um folk horror de Veronika Franz e Severin Fiala, dupla de diretores de O Chalé e Boa Noite, Mamãe, mantendo sua assinatura de violência unida à melancolia. O filme alcança a seriedade que A Bruxa de Robert Eggers, por exemplo, não atinge tanto. Intrinsecamente ele é mais interessado na angústia e no sofrimento niilista que a protagonista precisa assumir para encontrar uma saída da pequena comunidade regida pelo cristianismo e suas leis do pecado, do que nos atos em si; mesmo o filme sendo graficamente bastante explícito.

Leia o comentário completo de O Banho do Diabo aqui (por Mari Dertoni).

Direção: Veronika Franz e Severin Fiala 
País: Áustria, Alemanha
Onde assistir:
O filme foi exibido no 74º Festival de Berlim e na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Ainda não tem data para chegar aos streamings do Brasil.

• No Other Land

No Other Land é um documento histórico sobre a resistência das famílias palestinas que lutam para se manter em suas terras, imagens feitas no risco, na impotência que se transforma em força de sobrevivência. Por vivenciarem a resistência todos os dias, a exposição dos co-diretores ao muito palpável risco de morte diante da violência isralense já existe. Eles elevam ainda mais esse risco ao afrontar essa parte contrária com suas câmeras sem medo. Para cada casa que eles derrubam, para cada poço de água que é coberto de cimento, para cada plantio que é destruído, o registro está ali, próximo, direto, frontal, corajoso.

O documento se volta também à humanidade desses dois jovens, que abdicam de suas vidas individuais. Não há perspectiva ou sonhos comuns às pessoas da idade, ter filhos, casar-se, tudo soa muito distante e inatingível. O registro da intimidade entre eles, do cansaço de cada dia, do compartilhamento da vontade de desistir e do apoio mútuo de persistir, é o que vemos que dá energia à resistência.

Direção: Rachel Szor, Basel Adra, Hamdan Ballal e Yuval Abraham 
País: Noruega, Estado da Palestina
Onde assistir: O filme foi exibido no 74º Festival de Berlim, no CPH:DOX 2024 e na 48º Mostra de Cinema de São Paulo. Ainda não tem data para chegar aos cinemas e streamings brasileiros.

Leia a crítica de No Other Land aqui (por Natália Bocanera).

• Trenque Lauquen

A obsessão de Laura, a bióloga protagonista cujo sumiço vamos investigando, e também a nossa, não se limita no desvendar dos tantos mistérios de Trenque Lauquen e sua atmosfera alienígena. É o fervor pelas histórias e acontecimentos que queremos sejam explicadas a todo custo, pelo querer estar e viver histórias alheias para colocar nelas o fim que não encontramos. E nessa jornada obsessiva, quase voyeurística, o que resta é a autodescoberta, que se torna, ela mesma, um novo mistério.

Direção: Laura Citarella
País: Argentina, Alemanha
Onde assistir: Disponível na Max

• Hoje é o Primeiro Dia do Resto de Sua Vida

Nesse mundo de egos, perde-se o bonito significado que existe para além da perpetuação da espécie pelo sangue, que é a do compartilhamento da vida, o da criação e responsabilidade por uma pessoa para que ela se torne a melhor versão possível dela mesma, de aprendizado e ensinamento mútuos, o da conexão espiritual mesmo entre pessoas, em prol, ao menos, da esperança por um mundo melhor. Bel Bechara e Sandro Serpa, em Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida revelam esse sentido mais primitivo da decisão de garantir uma descendência através da adoção. O casal nos confirma que acontecimentos importantes vêm como uma peça pregada em nossas vidas, nos momentos mais inesperados. Em 2021, em meio à pandemia pelo Covid-19 e em pleno desgoverno, eles, que já aguardavam há 05 anos, recebem a notícia de que um bebê chamado Gael, de quatro meses, possivelmente poderia se tornar seu filho. 

Todas as pessoas experienciam os mistérios da vida em várias de suas formas. Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida parece dar voz a alguns desses enigmas. Debatendo, num documentário doméstico, Ozu e Truffaut, Bel e Sandro nos fazem questionar o aspecto decepcionante da vida, a impossibilidade de um final feliz e o envelhecimento sem que soem amargos ou melancólicos, tudo através da descoberta de um outro ser, que faz tudo pela primeira vez na vida, e que dá sentido a tais questões. Tornam-se, de fato, mãe e pai, sob nossos olhos.

Direção: Bel Bechara e Sandro Serpa
País: Brasil
Onde assistir: O filme foi exibido no É Tudo Verdade 2024 e ainda não tem data para chegar aos cinemas.

Leia a crítica de Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida aqui (por Natália Bocanera).

• Favoriten

A Áustria, assim como diversos países europeus com políticas que abrem suas portas para a imigração, recebe pessoas do mundo todo em tal condição, e isso inclui crianças, que, tal como seus pais, precisam, por algum motivo, deixar seus países maternos e buscar na Europa uma vida de melhores oportunidades. Especificamente em Viena, 60% das crianças que estudam nas escolas elementares não falam o alemão como língua primária. Isso significa, consequentemente, que futuramente a capital austríaca abrigará uma população majoritariamente imigrante. Ruth Beckermann, diretora do ótimo Mutzenbacher, acompanhou, por três anos, uma específica sala de aula de 25 crianças e sua professora, sendo esse o material de seu novo documentário, Favoriten, nomeado em referência ao bairro vienense multicultural onde a escola fica localizada.

Direção: Ruth Beckermann
País: Áustria
Onde assistir: O filme foi exibido no 74º Festival de Berlim, no CPH:DOX 2024 e na 48º Mostra de Cinema de São Paulo. Ainda não tem data para chegar aos cinemas e streamings brasileiros.

Leia a crítica de Favoriten aqui (por Natália Bocanera).

• Rapto

Rapto é um drama carregado de suspense, que se mostra também um estudo de personagem da jovem e solitária Lydia, uma parteira apaixonada por seu trabalho, que tenta lidar com o término de seu relacionamento. Ao acompanhar o parto e gravidez de sua melhor amiga, encontra uma brecha moralmente perturbadora para aplacar sua enorme carência e sentimentos de deslocamento social, embarcando em uma controversa relação com o bebê de sua amiga, o que manipula também a realidade de convívio com seu novo namorado.

Direção: Iris Kaltenbäck
País: França
Onde assistir:
Disponível na Reserva Imovision

Letterboxd de Mari Dertoni e Natália Bocanera

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