Melhores filmes brasileiros de 2023

Melhores filmes brasileiros de 2023

Destaques do cinema nacional em 2023 eleitos pelo Coletivo Crítico

Num ano de alto nível cinematográfico, o Brasil voltou a produzir com muito vigor, e foi tarefa difícil selecionar os melhores filmes que foram lançados por aqui em 2023. Destacamos obras que retratam regiões bem específicas do país e conseguem captar suas nuances e essências. Alguns destes filmes foram assistidos em Mostras e Festivais de Cinema, com grandes chances de entrarem no circuito comercial agora em 2024 e alguns já estão nos streamings, então fique ligado e anote essas dicas!

Abaixo, acrescentamos também links para críticas, informações sobre cada uma das obras e onde assisti-las. Confira:

  • Retratos Fantasmas (Recife)

“Kleber Mendonça Filho nos presenteia com um documentário sobre o Cinema, partindo de sua forma mais primitiva, a partir do resgate de arquivos pessoais e memórias próprias, que, assim como em outras de suas obras – “O Som Ao Redor” e “Aquarius” –, se desenvolve de um ponto de vista sempre muito pessoal e intrinsecamente ligado a sua relação com a cidade de Recife – Retratos Fantasmas consegue ser a mais pessoal delas. Mesmo assim, o diretor recifense consegue despertar a identificação com o espectador amante da sétima arte, ainda que não seja morador de lá, ainda que não tenha vivido o suficiente para ter recordações dos cinemas de rua e das ocupações cinematográficas pela cidade como havia “antigamente”. “

Direção: Kleber Mendonça Filho
Onde assistir: Disponível na Netflix e para aluguel no Apple TV, YouTube e Google Play Filmes e TV.

Você pode ler a crítica de Retratos Fantasmas aqui (por Mari Dertoni).

  • Mais Pesado é o Céu (Ceará)

“Um filme duro, forte e com cara de Brasil: é isto que Petrus Cariry nos traz em seu mais novo projeto, o longa-metragem cearense Mais Pesado É o Céu, um retrato impiedoso da realidade de uma infinidade de pessoas que diariamente lutam para sobreviver em um país que tenta reencontrar seus caminhos.”

Direção: Petrus Cariry
Onde assistir: assistimos Mais Pesado é o Céu no Festival de Gramado (confira nossa cobertura). Ainda indisponível nos streamings.

Você pode ler a crítica de Mais Pesado é o Céu aqui (por Eduardo Gouveia).

  • Mato Seco Em Chamas (Brasília/DF/Ceilândia)

“Olhar para os lados e enxergar o Brasil para além do que a grande mídia mostra, traz um incômodo (necessário) ao ver a exploração superficial da imagem do país, muitas vezes usando de um sensacionalismo barato e caricato, no cinema. Em Mato Seco em Chamas, Adirley Queirós e Joana Pimenta têm o ângulo de visão corajoso e comprometido o suficiente para fazer um filme genuíno e que não está interessado em ficar boiando nessa superfície. O longa trata de problemas e questões do Brasil vistas de dentro pra fora de forma legítima, imerso em uma realidade distópica pela ótica semi-documental dos diretores.“

Direção: Adirley Queirós, Joana Pimenta
Onde assistir: Disponível na Globo Play

Você pode ler a crítica de Mato Seco em Chamas aqui (por Mari Dertoni).

  • Sem Coração (Alagoas)

“Alagoas, estado situado na região Nordeste do Brasil, que faz divisa com Pernambuco, Sergipe, Bahia e o Oceano Atlântico. É lá que a diretora alagoana Nara Normande e o pernambucano Tião, gravam Sem Coração, longa que é originário do curta homônimo de 2014 e que se passa no verão de 1996. Um filme solar e que traz consigo uma enorme carga afetiva e resgate de memórias da infância de Nara. Gravado com um elenco de atores iniciantes e locais, orientados e engrandecidos pela força da presença de Maeve Jinkings, que atua como Fátima, a mãe de uma das jovens personagens que dividem o protagonismo do filme.”

Direção: Nara Normande e Tião
Onde assistir: Visto no Festival do Rio (confira nossa cobertura). Indisponível nos streamings na data de hoje.

Você pode ler a crítica de Sem Coração aqui (por Mari Dertoni).

  • Tia Virginia

“Em seu segundo longa-metragem, Tia Virgínia, o cineasta Fábio Meira filma partindo da dinâmica de sua própria família, mas conseguiu atingir em cheio a família de tantos espectadores. O que, no início, partiu de uma pretensão de se contar algo pessoal, fez com que, ao fim, se abordasse uma história (quase) universal, possibilitando uma conexão emotiva de boa parte do público.”

Direção: Fabio Meira

Onde assistir: Disponível para aluguel na Apple TV.

Você pode ler a crítica de Tia Virginia aqui (por Eduardo Gouveia).

  • Leme do Destino (Rio de Janeiro)

“Um diálogo intenso e demorado entre duas mulheres numa mesa de bar. Um simples e cuidadoso quadro em plano médio, ao fundo uma parede de tijolinhos amarelos. É assim que Júlio Bressane nos introduz a Leme do Destino, diante de uma conversa entre pessoas que são objetos de desejo uma da outra. Um desejo evidente que é especificado pela forma feminina e, mais do que isso, pela falta de interesse na forma masculina. O longa mostra, em seu primeiro ato, cenas da praia do Leme no Rio de Janeiro, dando atenção especial à pedra que leva o mesmo nome e a seu formato, que lembra o leme de um barco. Estamos acostumados a ver cenas ensolaradas e um cenário veranil, mas são em tempestuosos dias cinzas, com nuvens carregadas e ventanias que balançam as folhas das árvores da orla carioca, que se passam as imagens que abrem e entremeiam o longa de Bressane.”

Direção: Júlio Bressane

Onde assistir: Assistimos Leme do Destino no Festival do Rio e na Mostra SP (confira nossa cobertura aqui). Indisponível nos streamings na data de hoje.

Você pode ler a crítica de Leme do Destino aqui (por Mari Dertoni).

  • Propriedade (Pernambuco)

“Em Propriedade não há negociação e nem diálogo. Ninguém cede, as decisões são impulsivas e todos levam seus atos cada vez mais até as últimas consequências, para defender o que acham justo ou por medo. A crítica social está presente, através da diferença de classes representadas, mas a tensão da violência sobressai ao discurso político. Um thriller pernambucano vigoroso e com amor ao cinema de gênero, assumindo o estilo com a coragem de quem é fiel à forma, sem abandonar o contexto social e nem ser engolido por ele.”

Direção: Daniel Bandeira
Onde assistir:
Em cartaz nos cinemas. indisponível nos streamings.

  • Incompatível Com A Vida (São Paulo)

“A dor dilacerante nos seus mais complexos significados fez com que Capai buscasse outras mulheres com experiências semelhantes à sua. O documentário se alterna entre os registros da diretora e entrevistas com essas mulheres, numa rede potente de troca e compartilhamento de histórias, medos, pesadelos, expectativas, frustrações e dores, que não se limitam às vivências de cada uma, mas se tornam um debate sobre saúde e políticas públicas, e uma reflexão poderosa sobre maternidade, morte, luto, e sobre o que é ser mulher. A diretora constrói essa conexão de histórias com a sensibilidade e crueza necessárias ao tema de forma um tanto mística.”

Direção: Eliza capai
Onde assistir:
Assistimos Incompatível com a Vida no Festival É Tudo Verdade (confira nossa cobertura). Disponível na MUBI.

Você pode ler a crítica de Incompatível Com A Vida aqui (por Natália Bocanera).

  • Estranho Caminho (Fortaleza/Ceará)

“Estranho Caminho é o filme mais pessoal de Guto Parente, diretor natural de Fortaleza, que começou sua carreira fazendo filmes experimentais e é apaixonado por cinema de gênero. Em seu novo longa, expõe parte de sua história em uma homenagem a seu pai. Parente trabalha os aspectos citados acima de forma híbrida, os mesclando à linearidade de seu quebra-cabeças narrativo, para contar a conflituosa relação entre pai e filho em uma realidade pandêmica, gravada em sua cidade natal, durante o difícil período da Pandemia de Covid-19.“

Direção: Guto Parente
Onde assistir: Assistimos Estranho Caminho no Festival do Rio e na Mostra SP. Indisponível nos streamings na data de hoje.

Você pode ler a crítica de Estranho Caminho aqui (por Mari Dertoni).

  • Samuel e a Luz (Paraty/Rio de Janeiro)

“A globalização é um fenômeno paradoxal. Fruto do processo de colonização, o almejado “progresso” chega a um custo. Há mudanças na forma de vida, em como as pessoas se conectam umas com as outras e com a natureza. Samuel e a Luz, grande vencedor do Prêmio do Júri de Melhor Documentário na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, nos leva até a praia de Ponta Negra, em Paraty, para acompanharmos a chegada da eletricidade e seus efeitos na comunidade de pescadores, partindo da família de Samuel, um garoto de cinco anos, sua mãe, pai e seus cinco irmãos. O dilema entre a tradição e a modernidade é muito bem trabalhado pelo diretor Vinícius Girnys. São dois tons que se complementam nos revelando as transições daquele lugar e daquela família.”

Direção: Vinícius Girnys
Onde assistir: Assistimos Samuel e a Luz na Mostra SP. Indisponível nos streamings na data de hoje.

Você pode ler a crítica de Samuel e a Luz aqui (por Vinícius Costa).

  • Memórias da Chuva (Ceará)

“Documentário relevante acerca de uma tragédia brasileira recente e pouco conhecida. O desterro dos habitantes de Jaguaribara-CE em decorrência da construção de um açude (hoje) inoperante é mais um indicativo de como o Estado brasileiro trata os direitos daqueles que são pobres.”

Direção: Wolney Oliveira
Onde assistir:
indisponível nos streamings.

  • Pele (Belo Horizonte)

“As metrópoles são o suprassumo das contradições. Sua imponência aparente esconde as entranhas cruéis de uma realidade suburbana, periférica. Não precisamos de muita disposição para andar um pouco nas grandes cidades brasileiras e perceber as marcas em sua superfície e o que está por trás delas. Os registros estão na sua pele, nas paredes e nos muros, nos gritos e nas propagandas, no movimento frenético de suas ruas. Pele, filme de Marcos Pimentel, busca explorar os cenários de Belo Horizonte, sem tantas palavras, mas com muito a dizer. O documentário tem uma estrutura aparentemente simples: apontar uma câmera para paredes e muros que carregam histórias da metrópole. Pichações, grafites e propagandas dividem espaço com o trânsito, com o movimento de pessoas indo e vindo do trabalho ou do comércio. Coisas comuns a qualquer grande cidade. O que Pimental faz com esse material é o que dá um toque especial ao filme.”

Direção: Marcos Pimentel
Onde assistir:
Assistimos Pele no Festival É Tudo Verdade. Disponível na Embaúba Play.

Você pode ler a crítica de Pele aqui (por Vinícius Costa).

Você pode conferir os melhores filmes brasileiros de 2023 de cada uma de nossas críticas e críticos:

Mari Dertoni

Natália Bocanera

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